Por Equipe PokerStars
A inteligência artificial não consiste apenas em ensinar computadores a jogar jogos, como alguns podem pensar, mas a pesquisa já se estendeu a muitas áreas da existência humana.
Inteligência artificial é um termo abrangente para descrever a aprendizagem ou a resolução de problemas realizada de forma não humana.
Seu desenvolvimento veio com avanços na tecnologia de computação. Aumentos na velocidade e na funcionalidade ajudaram os computadores a se aproximarem cada vez mais da imitação da cognição humana.
Os jogadores de poker ouvem frequentemente sobre a IA no contexto dos programas voltados para jogos.
Os pesquisadores usaram, durante anos, os jogos como base de teste para a “inteligência” de um programa. Primeiro, para a realização de cálculos matemáticos simples e, depois, para tipos mais complexos de raciocínio.
Tudo começou com damas
Em meados da década de 1950, pesquisadores de várias das principais universidades americanas criaram programas de computador suficientemente inteligentes para jogar damas.
Os primeiros programas eram funcionais. Em alguns casos, até proporcionaram uma concorrência genuína contra oponentes humanos. Mas não foi até 1994 que um programa de damas chamado Chinook derrotou a campeã Marion Tinsley.
E foi só em 2007 que os pesquisadores afirmaram definitivamente que o jogo de damas tinha sido “resolvido”. Embora no sentido de que os melhores jogadores só pudessem chegar a um empate contra Chinook.
Xadrez, Go… e Jeopardy?
Enquanto isso, em 1997, a IBM desenvolveu um programa de jogo de xadrez chamado Deep Blue. Sua missão era derrotar o campeão de xadrez Garry Kasparov.
Mais recentemente, o AlphaGo, criado pela DeepMind Technologies, bateu um jogador humano profissional. Desta vez no jogo de tabuleiro Go (em 2015). Este foi outro avanço significativo na IA.
O software Watson da IBM seguiu em 2010. Desta vez, o programa foi capaz de ganhar no jogo televisivo Jeopardy! contra os ex-campeões Ken Jennings e Brad Rutter. (É de se imaginar também como seria o desempenho de Watson contra James Holzhauer.)
Os especialistas estão trabalhando para criar “jogadores” com tecnologia de IA de jogos on-line complicados e multijogadores. Um programa chamado OpenAI Five conseguiu derrotar os campeões de Dota 2 há apenas alguns meses.
Tal como as damas, tanto o xadrez como o Go são chamados jogos de “informação perfeita”. Isso significa que os concorrentes têm acesso a todas as informações disponíveis.
Por que o poker de inteligência artificial é diferente
Este não é o caso do poker. Isso, pois o poker é um jogo de “informação imperfeita”. Algumas informações são ocultadas, como as cartas hole no Texas Hold’em. O que torna o poker uma meta para os pesquisadores de IA que desejam criar um programa capaz de competir ou mesmo vencer um jogador humano.
No início dos anos 1960, o cientista da computação Nicolas Findler começou a desenvolver programas de poker e publicou suas descobertas em jornais científicos.
A ideia pegou no cinema também.
O filme de ficção científica de 1972, Corrida Silenciosa,apresenta uma cena semelhante. Um tripulante a bordo de uma espaçonave programa dois “drones” ou robôs para jogar poker com ele.
Depois que ele ensina as regras do jogo, eles jogam um par de mãos. Quando um dos robôs ganha um pote, o tripulante ri animadamente, o resultado do jogo parece sinalizar que o robô realmente conseguiu demonstrar inteligência humana.
Humanos e máquinas no heads-up
No filme, o jogo é de Poker Fechado (5-card Draw). Mais tarde, na década de 1980, Mike Caro usou um computador Apple II para criar um programa que pudesse jogar Texas Hold’em com limite fixo e, depois, sem.
Chamando o seu programa de ORAC (seu nome soletrado de trás pra frente), ele ganhou uma atenção generalizada quando as partidas foram encenadas na WSOP. Foi lá que o programa competiu contra os campeões do Main Event, Tom McEvoy e Doyle Brunson.
Outra partida entre ORAC e Bob Stupak foi ao ar no programa de TV Ripley’s Believe It or Not.
Pesquisadores de várias universidades continuaram o trabalho.
Em 2007, a reunião anual da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial em Vancouver, no Canadá, decidiu realizar um concurso. Ele foi chamado de “Primeiro Campeonato de Poker Homem-Máquina”.
Ele opôs os profissionais do poker Phil Laak e Ali Eslami contra um programa chamado Polaris, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Alberta – o mesmo grupo que desenvolveu o Chinook.
O jogo foi hold’em com limite fixo e os jogadores humanos venceram. Mas um ano depois veio outro jogo envolvendo o Polaris 2.0 e um conjunto diferente de oponentes humanos. Desta vez o computador venceu.
Os pesquisadores de Alberta continuaram seu trabalho, criando um novo programa de poker chamado Cepheus. Ele foi proficiente o suficiente no heads-up do limit hold’em para a equipe de pesquisa descrever esse jogo como “resolvido” (segundo a definição qualificada do termo)
Enquanto isso, outro grupo trabalhando na Carnegie Mellon University criou um programa chamado Libratus. A IA jogou um heads-up de no-limit hold’em, e no início de 2017 derrotou quatro jogadores profissionais de poker em uma partida NLHE.
IA vai além dos jogos
Tuomas Sandholm, professor de ciência da computação e um dos pesquisadores da CMU, explicou como o objetivo de tal estudo não é simplesmente criar programas que possam ganhar no poker. Em vez disso, é desenvolver uma IA capaz de raciocinar em situações em que a informação disponível é parcial. Isto é, uma IA que possa pensar e responder como os humanos fazem na maioria das situações que enfrentamos.
Sandholm explica como a Libratus também poderia ser empregada: “em qualquer situação onde a informação é incompleta, incluindo uma negociação comercial, estratégia militar, segurança cibernética e tratamento médico”.
Em outras palavras, o avanço da IA continuará sendo marcado por programas que alcançam novos marcos notáveis em vários jogos – incluindo o poker. Mas algo muito mais significativo será como tais avanços afetarão outras áreas de nossas vidas.
De fato, décadas a partir de agora a pesquisa relacionada à IA provavelmente terá pelo menos algum impacto em quase todos os aspectos da vida em que alguém possa pensar. Ou que um programa irá “pensar”.
Imagem: www.wpnsrus.com.
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